Vãs esperanças

Por Lucas Berlanza


Sobre a eleição de Lula para a presidência da República, começo com as palavras de Rui Barbosa: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto."

Um pouco mais da metade do eleitorado brasileiro preferiu devolver o poder a um salafrário amigo de ditadores que foi condenado em três instâncias e foi livrado da cadeia por uma tecnicalidade jurídica. Com todos os defeitos de Bolsonaro, que, por diversas razões, é um dos principais responsáveis por sua derrota, não há justificativa moral para quem admitiu a hipótese de devolver o poder ao lulopetismo.

Vocês declararam que, para boa parte da nossa população, o crime compensa. É o triunfo do absurdo.

Como quer que seja, praticamente metade da população disse não. Se incluirmos os que anularam seu voto, temos muita gente que não aprova a ascensão de Lula. Temos um número extremamente expressivo de opositores ao petismo no Parlamento. Temos predominância de governadores eleitos pela oposição. Precisamos usar isso.

A democracia, por disfuncional que seja, é o instrumento que inventamos para promover transições de poder político sem violência. Precisamos aceitar que Lula tomará posse em primeiro de janeiro. Porém, aceitar a posse de Lula não significa legitimar moralmente o seu governo. É preciso convocar a todos que estão conosco, desde já, à união pela resistência civil e à pressão sobre nossos representantes legislativos para que ajam contra, simultaneamente, o presidente Lula e o autoritarismo judiciário. É preciso lutar para que preservemos nossas liberdades e contenhamos os danos. É preciso trabalhar para construir lideranças mais sólidas para o pleito de 2026. É preciso, sem nenhum receio de usar as palavras na intensidade que merecem, transformar a vida de Lula e de seu governo em um verdadeiro Inferno. Antes que se escandalizem, é o que o PT sempre quis fazer contra todos os governos a que se opôs. Que experimentem na pele o que isso significa. Estou disposto a participar de protestos na rua por todo e qualquer motivo. Oposição sistemática, absoluta, inegociável. Mostremos que não subscrevemos a abominação moral. Não me venham com palavrórios hipócritas sobre "pacificação do país". Quem elegeu Lula não quer pacificar o país - e, se depender de mim, como cidadão, não haverá paz.

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