NERO A pesada porta de metal se abriu num estrondo. Dela, emergiram dois homens sisudos vestindo jalecos desbotados, ambos portando pranchetas com prontuários e listas. Defronte a eles, longilíneo corredor, branco, rigidamente asseado, fluorescente: um aspecto de hospital, de laboratório; contudo, o odor que emanava do lugar era digno do mais imundo estábulo; os sons, de um zoológico. Lentamente, adentraram-no, ignorando a reinante cacofonia de gritos animalescos. A galeria possuía recorrentes portas gradeadas, as quais permitiam a investigação dos lúridos cativeiros que divisavam. Em cada um, variados espécimes, desde cães, roedores, pequenos répteis até grandes símios. Todos reduzidos às mais abjetas condições. Ali, a tarefa dos humanos de jaleco era inspecionar a miséria animal e submetê-los a sórdidos experimentos. No final da galeria, havia uma câmara indiscutivelmente protegida. Escudada por imponente portão de aço negro, só se entrava em seu vestíbulo porta...