Conto: Vocação


VOCAÇÃO


Fumava ostensivamente na rua repleta de transeuntes do centro da cidade. Desviando dos passantes, tossia com frequência, uma expectoração curta e escarrada que, para um observador atento, parecia ser sintoma de alguma perturbação interna. Meneava a cabeça em reprovação, andava em círculos, as mãos agitadas com o cigarro. Terminado-o depois de breves minutos, deu um peteleco no toco incandescente e retornou ao trabalho, subindo as escadas empoeiradas do prédio à sua frente. 

Após alguns lances, já estava exausto. Os pulmões, doentes por causa do fumo, não suportavam aquele suplício. "Maldito seja esse elevador estragado!", rugiu em sua mente perturbada. Chegou finalmente ao quarto andar, transpirando e cheirando a nicotina. Passou direto pela recepcionista sem falar coisa alguma e voltou ao cubículo onde realizava os afazeres diários. Mal havia se instalado, começou a batucar na mesa com uma caneta, nervoso. Não sabia direito o que fazia em meio a pilhas de documentos e processos. Mirava a tela do computador, mas sua mente divagava longe, os olhos dilatados e vazios. Não tinha vocação para estar ali e encontrava-se numa encruzilhada em sua vida. No momento, desejava apenas sentar num bar, beber e admirar o transcorrer da existência, sumir daquele escritório frio e decrépito. Tamanha indecisão tomava conta de seus sentidos e sentia-se paralisado, sem conseguir fazer algo que prestasse. Até que se levantou abruptamente, interrompendo seus devaneios, e resolveu fumar outro cigarro na rua. Desta vez, contudo, quando retornou já não estava mais empregado.


Dívidas



Este era André. Há anos, saltava de um emprego para o outro, sem rumo. Sempre bancado pelos pais, não se preocupava em ficar desempregado. Era a primeira vez, no entanto, que havia sido demitido  depois de apenas uma semana de trabalho, talvez por causa do vício em cigarro ou, mais provavelmente, pela falta de escrúpulos mesmo. Todavia, pouco se importava com essa situação esdrúxula. Queria apenas a liberdade de voltar a andar na rua como um vadio.

Assim, perambulou pelo núcleo central da cidade, apinhado de pessoas que começavam a largar o serviço no final do expediente. Pagou por uma lata de cerveja e ficou a observar o movimento, sentado tranquilamente em uma cadeira de plástico de um dos botecos que despejavam bebuns nas calçadas sujas da metrópole. Depois de uma hora ou mais, embriagado e perdido, encaminhou-se para um pequeno bilhar que ficava numa rua estreita, próxima de onde estava. Não queria que a diversão inebriante e tóxica acabasse tão cedo.

Naquele lugar, pôs-se a jogar com outros vagabundos. Era péssimo no ofício e os demais perceberam. Apostava alto nas jogadas (nada mais que um blefe) e perdia todas. Engomadinho, trajando roupa social, também destoava do restante dos presentes naquele covil e logo chamou a atenção para si. Bêbado, errava as tacadas de modo tenebroso, mas não parecia se importar. Enfim, depois de uma hora, tinha perdido todo o dinheiro e era motivo de chacota. Pior que isso, devia ao estabelecimento pelo álcool e cigarros consumidos. Logo, dado o momento oportuno, encostou numa parede e foi lentamente se arrastando até a saída, em meio à algazarra dos ébrios do local. O proprietário do bilhar, entretanto, percebeu a movimentação e bloqueou sua saída.

- Vai ter que pagar, playboy. Tá achando que sou otário?! - disse. 

André, contudo, não tinha o que oferecer. Realmente não possuía mais dinheiro. Não usava cartões e seu celular era protojurássico. 

- David, leva ele ali pra dentro. Vamos conversar um pouco.

Um mulato gordo saiu do balcão e puxou André pelo braço, violentamente. Ele balbuciou uma objeção, mas sua voz foi engolida em meio à pândega e ninguém ouviu. Empurrado pelo obeso, adentraram por um corredor lateral que desembocava num pequeno pátio e, a seguir, num casebre humilde. Atrás dos dois, vinha o proprietário, conhecido como Nelsinho, um careca esguio e de rosto enrugado e austero.

Penetraram numa saleta e David fechou a porta com uma batida forte. André olhou para o interior do cômodo: parecia servir de depósito para o estabelecimento, haja vista os engradados empilhados e o forte cheiro de cerveja ressecada. Engoliu seco, pois sabia que estava numa enrascada. Tão logo virou para os dois homens, pretendendo dar explicações, tomou um violento tapa, vindo a cair no chão. David havia esbofeteado o mauricinho. Caído, ainda levou um chute nas costas. Tossiu e gemeu de dor.

Antes que o obeso serviçal pudesse continuar a bater no pobre coitado, Nelsinho pôs a mão em seu ombro e disse:

- Pare, David. Tenho uma ideia para esse idiota.

Nelsinho encarou André, que se recompunha encostado na parede, olhando assustado para eles. Pensava num plano sórdido para aquele filhinho de papai. Percebeu o quanto o destino o tinha favorecido, pois, se o imbecil que estava na sua frente o executasse da forma correta, poderia ter grande lucro.

- Escute: hoje à noite, receberei uma encomenda que chegará na rodoviária às vinte e três horas. Quero que você vá lá e pegue a mercadoria para mim. É um negócio rápido. Em dez minutos você estará liberado e sua dívida, paga.

André não sabia, mas aquele bilhar também servia de ponto de distribuição de entorpecentes. Nelsinho na verdade era um dos principais traficantes da região e esperava um carregamento vindo de ônibus naquela noite. Contudo, a polícia já suspeitava há tempos de seu envolvimento em negócios obscuros e vigiava a sua movimentação. A ideia era utilizar André, branco e de classe média, para transportar o material da vez. Com toda a certeza, ele não levantaria suspeitas e a polícia não estaria por perto e nem saberia de sua participação.

O maricas percebeu que não tinha escolha. Era aceitar o estranho acordo ou ser surrado pelos bandidos. Então, aquiescendo, foram-lhe explicados os detalhes. Deveria estar perto da doca doze da rodoviária no horário combinado. Quando do desembarque, um indivíduo de paletó vermelho, com uma maleta grande e preta, iria para o toalete e lá André lhe forneceria uma valise semelhante contendo grande soma em dinheiro. Depois, ao sair dali, dirigiria-se até o ponto de táxi mais próximo para se locomover até uma praça escura da periferia, onde um primo de Nelsinho estaria esperando e o libertaria.

O plano era simples, porém arriscado. Nelsinho não se preocupava com a polícia, pois pensava que eles não estariam à espreita de André. No entanto, necessitava-se cautela. O fornecedor, vindo de São Paulo, trataria de verificar o conteúdo da maleta de dinheiro e, por isso, o negócio deveria ser realizado clandestinamente, longe da agitação da rodoviária. O cubículo do lavabo deveria ser o local apropriado. Ademais, Nelsinho não confiava plenamente no almofadinha. Poria David lá para vigiá-lo, caso decidisse abandonar o projeto ou roubar a grana. Por fim, mentiu para ele ao prometer libertá-lo, pois pensava em dar cabo de sua vida ao final do processo, pretendendo evitar que os detalhes de seus negócios vazassem.


Transação



Enfim, depois de longas horas preso no depósito, André finalmente foi solto pelo gordo David, o qual, apontando para o relógio de pulso, indicava que o horário de desembarque se aproximava. Tomaram então um táxi e locomoveram-se até a rodoviária. Chegando lá, o obeso sussurrou, segurando o braço do prisioneiro no banco de trás:

- Sem errar, seu bosta.

André, suando frio, as pernas balançando de medo, desceu do carro e dirigiu-se, lentamente, até a famigerada doca doze. David ia bem atrás, ao longe, vigiando seu cativo com olhos de rapina, ao mesmo tempo em que verificava a presença de possíveis policiais ou inimigos. Nada via, porém. A rodoviária estava parcialmente cheia, mas começava a esvaziar, dado o avançar das horas. Muitas pessoas iam e vinham, mas ninguém parecia se importar com os dois.

Às onze em ponto, André já estava defronte à doca. Sentou-se num banco e, tremendo, tirou um cigarro dos bolsos. O último do dia, finalizando dois maços completos. Mirou o banheiro próximo à saída do desembarque: lá é que se realizaria o negócio. Havia dado duas baforadas desajeitadas quando um ônibus, indicando "São Paulo" no letreiro de partida, fez a volta no estacionamento e, em seguida, virou na doca doze. Abriram-se as portas e várias pessoas desceram.

Sentindo uma pontada na espinha, André observou quando um indivíduo parecido com a descrição que lhe deram desembarcou: um moreno alto e corpulento, trajando um paletó vermelho da Independente,  com um escudo gigantesco costurado na parte de trás, além de boné, calça larga de torcida e uma grande mala escura, surrada e impregnada de símbolos da periferia. O visual da figura era tão espalhafatoso que ele se perguntou quem era burro o suficiente para precisar se vestir assim quando uma jaqueta vermelha simples bastava. Era óbvio que o homem chamava a atenção por onde passava e isso deixou André ainda mais inseguro e nervoso. Não obstante, imediatamente após o desembarque, o indivíduo direcionou-se a passos largos ao referido banheiro. André levantou-se, jogou o cigarro longe e, tremendo, dirigiu-se até lá. Observou quando o sujeito transpassou a abertura do lavabo, olhando para os lados e demonstrando certa desconfiança. André veio logo em seguida, mas estacou na entrada. O medo exalava de si. Enfim, juntando coragem, deu um longo suspiro e adentrou pelo portal.

Passou os olhos no imundo recinto: não havia alma viva a utilizar os mictórios e pias. Porém, em seu nervosismo, não havia reparado na existência de uma cabine de privada atrás da porta por onde entrara. O moreno alto surgiu então pelas suas costas e deu-lhe uma gravata, arrastando-o violentamente para o cubículo e fechando com violência a portinhola atrás de si. André foi esmagado contra a parede da minúscula câmara com um canivete perpassando seu pescoço, os olhos arregalados para aquele bruto, a respiração ofegante.

- Então, você trouxe a grana? Deixa eu ver...

Sem tirar o estilete do pescoço do mauricinho, o homem destravou as trancas da mala que ele carregava. Seus olhos brilharam quando viram a grande soma de dinheiro pela pequena abertura, em maços de notas de cem reais. O moreno relaxou todo o corpo imediatamente e, abrindo a sua própria maleta, mostrou a André o conteúdo: vários tabletes e invólucros de drogas do que parecia ser cocaína, maconha e haxixe. Finalmente, o ingênuo burguesinho percebeu no que se envolvera. Engoliu seco. Parecia que havia levado um soco no estômago, tamanha aflição que sentia. O moreno em seguida murmurou para ele:

- Escuta, tem dois caras ali fora que estão com um comportamento suspeito. Eu vou sair primeiro, você espera um minuto e sai também. Se você for pego e me delatar, vou te perseguir dentro da cadeia, sem dó.

Dito isso, o homem tirou a espalhafatosa jaqueta de torcida, embrulhou-a dentro da mala e saiu do cubículo sem falar mais nada. André escorregou pela parede e pôs-se abraçado nos joelhos, chorando. Não acreditava no que acontecia. Poucas horas antes, estava num escritório trabalhando tranquilamente, levando sua existência pacífica e irresponsável. Agora, havia sido envolto pela trama do crime, temendo pela própria vida no chão ignóbil de um banheiro de rodoviária.

Passados alguns minutos de patética lamúria, recompôs-se, pegou a valise contendo as drogas e, ainda soluçando, voltou ao terminal de ônibus, olhando para os lados, com uma sensação desesperadora de que estava sendo observado. De fato, enquanto se locomovia pelo saguão até a saída, percebeu, de soslaio, um deslocamento estranho atrás de si. Por pura intuição, decidiu tomar o caminho contrário e adentrou na garagem dos ônibus. Em meio aos veículos estacionados, mesmo com a débil luminosidade do local, divisou por cima dos ombros a silhueta de um homem que o seguia a uns vinte metros de distância.

Histérico, André dobrou uma esquina que a calçada fazia com um pilar e, encoberto pelos ônibus, correu até um deles que estava com a porta aberta, jogou a mala que portava lá dentro e saiu apressado pelo pátio, buscando refúgio. Ouviu passos ligeiros pelas suas costas, por entre os coletivos. Num ato de lídimo desespero, agachou-se, rolando para debaixo de um deles. Deitado no piso imundo de graxa e óleo, com a cabeça quase encostando as engrenagens, viu quando os pés do desconhecido moveram-se apressados, passando direto por onde ele havia entrado. Esperou o som do tropel diminuir, até que desvaneceu. Então, após um ou dois minutos, resfolegante, lentamente se arrastou até a borda do ônibus, os sentidos aguçados perscrutando qualquer vibração diferente no ar. Levantou-se como um gatuno e, olhando ao redor, nada notou. Incontinenti, deslocou-se com o mínimo de ruído possível até o coletivo em que havia jogado a maleta. Chegando até ele, pôs a cabeça pela porta e visou o interior escuro do veículo, parcialmente iluminado pela fraca luz do pátio e por um fulgor estranho que vinha lá de dentro. Subitamente, um choque pareceu correr-lhe a espinha até a nuca: um funcionário da viação estava de costas para ele, inspecionando curioso a mala repleta de drogas.

Pensou em fugir, mas logo foi demovido da ideia pelo medo que tinha de ser perseguido por Nelsinho. No entanto, tampouco poderia ser visto pelo funcionário, temendo que este o delatasse para as autoridades. Vislumbrou o homem que, embasbacado, retirava um tablete branco da mala com uma das mãos, enquanto na outra empunhava uma lanterna. Foi aí que André percebeu uma enorme chave de grifo ao lado do banco do motorista. O coração do infeliz deu um sobressalto, sua visão embaçou. Mas o instinto falou mais alto. Num pulo, subiu pela porta do ônibus, sacou a ferramenta do assento e, quando o incauto funcionário virou-se para ele após perceber a movimentação atrás de si, recebeu uma forte estocada no rosto, caindo desfalecido num baque surdo. O sangue escorreu pelo corredor entre os leitos. André observou estático e com os olhos arregalados o homem caído e o líquido escarlate derramado. Depois de breves segundos de contemplação e culpa, retornou à realidade quando ouviu o arranque de um ônibus no pátio. Recolheu a mala, largou a chave ali mesmo e saiu destrambelhado pela rodoviária, até o ponto de táxi mais próximo.


Ofício



O táxi se movia apressado pelas ruas taciturnas. André e David estavam no banco detrás, o segundo auscultando com satisfação a maleta repleta de entorpecentes. Ficou admirado ao encontrar André na saída da rodoviária com as vestimentas completamente imundas de graxa e respingos de sangue. Um milagre não ter sido abordado por algum curioso ou mesmo pelos seguranças. Não disse nada, porém, vendo o estado mortificado do outro, pois mirava apenas a mercadoria arrecadada.

André estava em choque. Lívido, num silêncio cavernoso, pensava no que ocorrera há pouco. Primeiro, ameaçado pelo sujeito no banheiro, depois perseguido por um estranho na garagem da rodoviária. Havia se safado por pouco ao mergulhar debaixo de um ônibus. Por fim, num ato que considerou pavoroso e cruel, havia acertado um funcionário de uma viação no rosto com uma pesada chave de grifo. Não sabia se ele estava morto, mas a visão do corpo estirado com uma poça de sangue ao redor da cabeça havia lhe tirado do sério. Remoía-se de culpa e pavor pelo que poderia acontecer. Nunca sequer havia brigado na escola e agora talvez tivesse matado um homem.

De todo modo, depois de uma breve viagem que, para André, parecia uma grande jornada, enfim chegaram ao local combinado: uma pequena praça de um bairro afastado da periferia. Mais parecia um terreno abandonado, haja vista o mato alto e a completa falta de iluminação. O táxi os deixou lá e saiu cantando pneus, abrupta e velozmente, percebendo o ambiente nada acolhedor.

Não se ouvia um pio sequer. Praticamente não havia luzes na vizinhança, pois o bairro era escassamente povoado e a iluminação pública, inexistente. Esperaram uns cinco minutos no breu, até que ouviram barulho de um motor de carro. Dobrando a esquina, um velho Chevette com o faróis ligados e dois ocupantes dentro. Pararam perto de André e David e ordenaram que eles entrassem. André não reconheceu os sujeitos, mas imaginou que deveriam ser o primo de Nelsinho e um comparsa. Dirigiram por mais alguns minutos, chegando até uma estrada de terra na orla de uma mata, nos arrabaldes da cidade. Ninguém dizia coisa alguma. O rapaz achava aquilo tudo estranhíssimo, de forma que seus pensamentos sobre o homem ensanguentado deram espaço a um medo mortal. Finalmente pararam numa clareira ao lado da estrada de terra, onde já estava estacionado outro carro e uma figura obscura encontrava-se sentada no capô. Era Nelsinho.

David saiu e mostrou o carregamento. Nelsinho aprovou balançando a cabeça e então chamou André. Este desceu do automóvel, acompanhado por um dos bandidos. A clareira era iluminada tão somente pelo farol dos carros e pelas estrelas, de forma que a silhueta negra de Nelsinho se avolumou na frente do playboy e ele só conseguiu enxergar seus olhos brilhantes, que expressavam uma satisfação psicótica.

- Parabéns, rapaz. Conseguiu realizar a tarefa. Uma pena que não poderá sair daqui com vida.

André viu quando ele puxou o revólver, o brilho prateado resplandecendo em meio à luz emanada dos veículos. Neste momento, levou uma rasteira violenta e caiu no chão abruptamente, sendo colocado de joelhos pelo capanga atrás de si. Na frente, a meio metro de distância, Nelsinho apontava a arma, engatilhando-a. Foi aí que o instinto de sobrevivência falou mais alto. Perdendo o medo subitamente, André conseguiu vocalizar uma última súplica, de forma audível e firme para todos ali:

- Olha, você faz pouco caso de mim... consegui a sua droga e paguei minha dívida, com um grande custo. Tive que correr de um policial, escondi debaixo de um ônibus e no fim matei um funcionário de uma empresa.

Aqueles criminosos se entreolharam, desdenhosos, sem acreditar na história. Nunca pensariam que aquele idiota de joelhos na sua frente fosse capaz de matar um homem. Contudo, para a surpresa de todos, David acabou abrindo a boca:

- Chefe, é verdade. Percebi uma movimentação estranha antes da droga chegar. Vi quando um cara seguiu o playboy até o pátio da rodoviária. Estranhei também quando ele chegou sujo de sangue no táxi.

Nelsinho encarou o capanga, desconfiado, e depois olhou para André, pensativo. Poderia parecer cruel e sujo, mas também era um empreendedor que queria ampliar os negócios. Viu ali uma oportunidade única, haja vista o sucesso incrível daquele branquinho de classe média e as inúmeras possibilidades que se abriam ao tê-lo como aliado.

- Seguinte. Deixo você viver hoje. Não tenho pena de você, mas acho que pode fazer outras boas "entregas". Diz aí, topa?

André olhou para cima. Nelsinho não mais lhe apontava a arma. Recobrando a normalidade dos pensamentos depois de uma breve injeção de adrenalina, percebeu claramente que poderia ser alguém na vida. Enfim, tornara-se homem e encontrara sua verdadeira vocação.

- Topo.

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