Ninguém aprendeu
Por Rodrigo da Silva
A
verdade é que ninguém suporta o serviço público brasileiro. Nós ainda não
saímos de 2013.
Ninguém
se sente seguro na maior parte das nossas grandes cidades.
Se
você está doente, e não pode ser atendido por um bom plano de saúde, arrisca
morrer na fila do hospital.
Ninguém
tem a ingenuidade de acreditar que as nossas escolas públicas estão formando
bons alunos para o mercado de trabalho. Muitas das nossas escolas não passam de
restaurantes populares infantis.
As
nossas grandes cidades estão cada dia mais imundas, com as regiões centrais
abandonadas, entregues às cracolândias, entupidas de moradores de rua. E quando
você sai delas, boa parte das nossas estradas estão em estado de decomposição.
A
classe política lida com todos esses problemas da pior forma possível – quando
não recorrendo a cartões corporativos sigilosos, demandando uma lista
interminável de benefícios, mamatas e negociatas.
O
governo que aí está tem muito pouco a dizer sobre a melhoria dos serviços
públicos, e muito a cobrar pelo sustento do estado brasileiro. E embora essa
seja uma característica bastante presente na nossa história, não há mais sequer
tentativa de sutileza.
Só
um cínico culparia a população brasileira por desconfiar das intenções de
Brasília.
Com
dólar alto, inflação acima da meta, juros estratosféricos e salário sem aumento
real, o Brasil não suporta mais carregar Brasília.
O
problema do governo não é de comunicação. O problema é que as pessoas que
governam o Brasil estão inteiramente descoladas da realidade.
O
Brasil não é o Lago Sul.
O
Brasil não é o evento do Gilmar Mendes em Portugal. Nem a palestra do Alexandre
de Moraes em Nova York. Ou o artigo do Luís Roberto Barroso no Estadão.
O
Brasil não é o palanque do Lula. Nem o deslumbramento da Janja. Ou o dedo em
riste do Haddad chamando tudo de fake news.
Em
2013, 20 centavos colocaram fogo nesse país.
Vocês
não esqueceram nada. Mas continuam sem ter aprendido.
Comentários
Postar um comentário