Fim da civilização

Por Leandro Ruschel




Um terço das estudantes secundaristas americanas já pensaram seriamente em cometer suicídio, diz estudo do CDC.

O CDC revelou o resultado de uma pesquisa feita com estudantes de segundo grau, identificando que 57% das meninas apresentam sentimento persistente de tristeza e desesperança. 30% das entrevistadas afirmaram ter avaliado seriamente a possibilidade de cometer suicídio! Em 2011, os números eram de 36% e 19%, respectivamente. Já 29% dos meninos reportaram o mesmo sentimento de tristeza e desesperança, enquanto 14% pensaram em suicídio. O que está acontecendo? 

Além do aumento explosivo dos casos de depressão e suicídio nos últimos anos, há um crescimento brutal numa outra espécie de suicídio, que é a morte provocada por overdose de drogas pesadas, como opioides. Em 2021, foram 106 mil mortes por overdoses, recorde histórico, mais que dobrando as 40 mil mortes em 2011. 

Há uma série de fatores que tem provocado a deterioração da saúde mental da população, especialmente dos mais jovens: podemos citar o crescimento do uso das redes sociais, e os efeitos dos lockdowns recentes. Mas nada é tão determinante quanto a destruição dos valores que formam a base da sociedade e geram nas pessoas um senso de propósito, especialmente aquele proporcionado pela religião, ou seja, pela consciência que existe uma dimensão da realidade que ultrapassa o material e produz a perspectiva da eternidade.

As pessoas estão sendo criadas sem um ambiente familiar minimamente estruturado e são levadas a buscar pela gratificação dos sentidos acima de qualquer outro objetivo mais elevado, criando uma vida completamente hedonista e vazia, pautada por ciclos dopamínicos, que invariavelmente levam à depressão e ao desespero. 

A confusão chega ao ponto do incentivo à mudança de sexo para resolver problemas existenciais, como se isso fosse possível. Ou a falsas religiões, como o identitarismo, ou ao ambientalismo radical, profundamente anti-humano, versões modernas da religião satânica marxista. "Quando se deixa de acreditar em Deus, passa-se a acreditar em qualquer coisa", afirmava Chesterton. 

Contraintuitivamente, nunca houve tanto acesso às necessidades básicas humanas, como alimento, moradia, e confortos materiais. Mas "nem só de pão vive o homem", como lembrava Jesus. 

O trabalho duro e a construção de uma carreira é visto como um fardo inaceitável, assim como a construção de uma família. Tudo deve ser temporário, tanto um emprego quanto uma relação, alcançado facilmente através de um swipe de Tinder. 

O próprio ato de ler um livro e aprender algo a fundo passou a ser inalcançável, pois requer um nível de foco e dedicação não mais disponível na era dos vídeos de 30 segundos. Até mesmo sentar com um amigo presencialmente e ter uma conversa de mais de 15 minutos já virou uma tarefa enfadonha, diante de tantas distrações disponíveis naquele aparelinho que carregamos como se fossem a nossa própria vida.
 
Tudo isso não ocorre por acaso. Pessoas fracas emocionalmente, e intelectualmente limitadas são os escravos perfeitos. Eis o cerne do problema.



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