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Mostrando postagens de setembro, 2023

Sucesso é ofensa

Por Paulo Cruz O Brasil é um país de cultura autoritária. A imensa maioria dos brasileiros não sabe e não quer viver numa democracia, onde há diversidade e divergências. Somos um bando de autoritários e vingativos, que amam se dar bem e ferrar os outros — sobretudo com poder nas mãos.  Toda divergência é anátema, toda discordância é traição e toda ideia contrária é mentira e deve ser eliminada. A intolerância é a regra e o sentimentalismo é virtude. Tudo errado. Qualquer um que tenha poder, trata logo de exercê-lo contra o outro. O país? Que se dane.  Somos atrasados, violentos, ignorantes — quando não somos maus mesmo. Matamos mais do que países em guerra, punimos inocentes e libertamos criminosos; somos escapistas e refratários a compromissos. Amamos a lei do menor esforço e pagamos mais impostos do que países de 1º mundo.  Entra e sai governo e é sempre a mesma coisa. Por que? Porque os piores governam; gente baixa, pretensiosa, oportunista e rancorosa. Socialistas que...

Refazendo o teste do Political Compass depois de anos

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  Entendendo o gráfico O meu gráfico Em tempos longínquos, eu estava como a maioria dos brasileiros: na porção inferior esquerda do gráfico, que nada mais é do que a zona dos ingênuos, idiotas úteis, analfabetos políticos e adolescentes idealistas.  Quanto mais velho, mais carrancudo. Parece que há uma relação direta entre a idade da pessoa e o crescimento no eixo vertical. A saber.  Atualmente, esperava estar mais acima no gráfico, mas ainda sou muito liberal. 

Copom alerta para tempos difíceis para a economia brasileira

 Por Leandro Ruschel Ontem, o COPOM cortou os juros em 50 pontos, para 12,75% ao ano, prometendo fazer pelos menos mais dois cortes iguais nas próximas reuniões. A decisão seria normalmente comemorada pelo mercado. Juros mais baixos representam um estímulo para a economia. Porém, a reação foi inversa. A bolsa caiu e o dólar subiu. É preciso avaliar as circunstâncias. Ontem, mais cedo, o FOMC, equivalente americano do COPOM, anunciou a manutenção dos juros, o que era esperado. O inesperado ficou pelo anúncio da expectativa de manutenção das taxas altas por mais tempo, por conta de uma inflação resiliente, e de uma economia ainda aquecida. A manutenção de uma política monetária restritiva pela maior economia do planeta gera a expectativa de menor crescimento econômico, colocando desafios adicionais aos países que mais precisam atrair recursos para fechar as suas contas, como o Brasil. O relatório do COPOM ainda alerta sobre a desaceleração da China, e a possibilidade de efeitos reces...

Por que Nossa Senhora aparece chorando em La Salette?

Em 19 de setembro de 1846, a Virgem Santíssima apareceu a Mélanie e a Maximin na montanha francesa de La Salette. Consigo a Mãe de Deus trazia uma mensagem, que ela revelou entre lágrimas. Por Pe. Paulo Ricardo Nossa Senhora apareceu em La Salette, no dia 19 de setembro de 1846, por causa de “duas coisas” principais, que estavam tornando pesado o braço de seu divino Filho. Ouçamos o que ela tem a revelar, entre lágrimas, a Mélanie, a Maximin e, através deles, a toda a humanidade: Se meu povo não quer se submeter, sou forçada a deixar cair a mão de meu Filho. Ela é tão forte e pesada que não posso mais retê-la. Há quanto tempo sofro por vocês! Se quero que meu Filho não os abandone, sou obrigada a suplicá-lo incessantemente. E vocês nem se importam com isso. Por mais que rezem, por mais que façam, jamais poderão recompensar a aflição que tenho sofrido por vocês. (1) Dei-lhes seis dias para trabalhar, e reservei-me o sétimo, e não me querem concedê-lo. É o que faz pesar tanto o braço de ...

Gastar, gastar e gastar

Por Marcos Lisboa e Marcos Mendes O governo ainda nem conseguiu o aumento de carga tributária para equilibrar suas contas, mas já gasta como se não houvesse amanhã. As últimas semanas foram preocupantes. O Legislativo está deliberando sobre diversas medidas que aumentam o gasto recorrente para beneficiar carreiras de servidores públicos, garantir ainda maiores transferências para municípios e distribuir sinecuras a grupos organizados do setor privado. O Executivo assiste inerte, incapaz de evitar a aprovação das medidas. A discussão sobre a reforma dos tributos indiretos não para de incorporar novos setores a serem beneficiados. Não basta empresas de eventos e assemelhadas estarem isentas de pagar imposto de renda pelos anos à frente por lei aprovada no período da pandemia e convenientemente prorrogada por cinco anos. Elas agora pedem para serem beneficiadas na reforma dos tributos indiretos. Advogados e outros profissionais liberais igualmente demandam privilégios na reforma tributári...

A Guerra contra o Ocidente

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Brasil Kafkiano, e não Orwelliano

Por Paulo Cursino Paremos de citar "1984". Cansou. O Brasil já saiu há muito do Orwelliano e caiu de cabeça no Kafkiano. Orwell foi ingênuo, não precisamos de uma sociedade distópica para vivermos em um inferno. Kafka foi direto ao ponto: basta que a justiça de uma sociedade se degenere para que cheguemos à distopia. Muita gente acha que o maior problema do protagonista de "O Processo" é o fato de ele não ter cometido crime algum. Porque o processo do qual ele é vítima segue leis próprias, totalmente arbitrárias, para as quais não adiantam argumentos ou lógica. Um homem submetido ao poder de um tribunal infenso à realidade dos fatos em um mundo onde a racionalidade pode pouco. Hoje entendi que o processo é o que menos conta na história. O que assusta no romance mais famoso de Kafka é a normalização do erro, a aceitação geral de uma justiça que funciona com regras obscuras, da tentativa de todo mundo tentar compreender e explicar o que não tem sentido ou explicação. ...

No caso de Mauro Cid, não foi "tortura"?

Por Leandro Ruschel Reinaldo Azevedo, criador do termo "petralha", e outrora voraz crítico da esquerda, se transformou no maior propagandista do regime lulopetista, chafurdando cada vez mais fundo na lama da desonestidade intelectual. Ele afirma que não se pode comparar a soltura de Mauro Cid após meses de prisão e assinatura de um acordo de delação, com a soltura dos condenados pela Lava Jato, porque no segundo caso, as prisões foram mais longas... Ainda durante a semana, o ministro Toffoli escreveu o seguinte, em decisão que anulou a delação da Odebrecht, se referindo ao expediente de longas prisões preventivas: “...enfim, em última análise, não distinguiram, propositadamente, inocentes de criminosos. Valeram-se, como já disse em julgamento da Segunda Turma, de uma verdadeira tortura psicológica, um pau de arara do século XXI, para obter ‘provas’ contra inocentes”. Realmente não há a menor comparação possível entre a prisão e delação premiada de Mauro Cid, e o que ocorreu n...

A anistia judiciária

A expansão anômala do papel do STF na arbitragem política terá vastas consequências Por Marcus André Melo Quando se especulava sobre a prisão de Lula em 2017, argumentei que provavelmente ele seria preso e eventualmente anistiado. A conjetura mostrou-se acertada. A anulação dos processos e provas é o equivalente funcional a uma "anistia judiciária". Numa perspectiva positiva e não normativa da ciência política não importa se a decisão é legal ou legítima, mas por que razão se espera que determinados fenômenos ocorram e quais suas consequências. Historicamente, no país, há um padrão de resolução de graves conflitos políticos por meio de anistia e conciliação. Foram 52 anistias desde 1890. O objetivo maior foi a "pacificação política", como mostrou Ann Schneider . Mas a analogia acaba aqui. Há dois aspectos que merecem destaque. Os protagonistas dos grandes episódios de anistia, indulto e graça foram os presidentes —Floriano (Revolta da Armada), Vargas (Revolução Cons...