Chico Buarque

Por Denis Reis

O compositor Chico Buarque decidiu se autocensurar e não cantar mais a música "Com açúcar e com afeto", atendendo a pedidos de "feministas" que a consideram "machista".
 
Se ele levar a sério essa orientação, metade da obra buarquiana deverá ser descartada. Toda a Ópera do Malandro - onde há coisas bem sérias como "Se eu fosse seu patrão" ou o "Tango do Covil". Quem acha "Com açúcar e com afeto" "machista", o que dirá de "Terezinha"? O último disco, "As caravanas", ainda está em tempo de ser recolhido das vendas, pois tem machismos piores onde, por exemplo, o "eu lírico" do poeta paquera uma moça lésbica e a "Tua Cantiga", um exagero buarquiano que - reconheço - chega mesmo a ser um pouco patética.
 
Em verdade, o que esta época "pós-moderna" condena não é o "machismo", o "racismo" ou o que quer que seja. Ela condena a vida. Falar da vida, da vida vivida pelas pessoas, da "experiência vivida" tornou-se um crime nestes tempos. (Só se pode falar da "superação", que é individual, singular e privada).

No tema em tela, há ainda um problema nas gerações contemporâneas, educadas no "pós-modernismo": Uma séria dificuldade com a "diferença sexual". São gerações que têm uma relação doentia com essa questão (do reconhecimento da diferença sexual). Uma questão que, segundo Freud, seria resolvida ("ou não...") por volta dos cinco anos de idade. Pelo menos no Sec. XIX era assim. E não na "bolsa sanduíche" do doutorado. Tenha a santíssima paciência!

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