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Mostrando postagens de 2025

As portas se fecham para os brasileiros

Por Stephen Kanitz Quem tem muito dinheiro já foi embora. Quem ficou, ficará — para sempre. Os últimos a saírem ainda conseguiram um visto italiano, português, americano. Os que zombaram da política, que votaram “no que fala pouco”, agora vão entender o preço da omissão. No Brasil do futuro — que já começou — você somente obedecerá. Obedecerá calado. Pagará impostos cada vez mais pesados, aceitará uma saúde pública em colapso, verá seus filhos estudarem em escolas sucateadas. E ainda agradecerá, pois reclamar será crime. Desde o fim do regime militar, único período de crescimento sustentado, nossa renda per capita foi cortada pela metade. Dado escondido pelo IBGE, abafado pela imprensa. Caímos do 40º onde hoje está a Grécia, para o 81º lugar no ranking global de renda. Sim, caímos — e acreditamos todo este tempo estar subindo. Foram 40 anos de doutrinação. Nossos jornalistas, intelectuais e professores venceram: conseguiram fazer o país regredir em nome de justiça social — uma justiça ...

Hexa

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Ser brasileiro

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Velhos problemas

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A Jangada de Pedra do STF

Por André Marsiglia Houve um movimento trágico para o direito brasileiro nos últimos anos que pode ser resumido em uma única declaração do ministro Gilmar Mendes, em evento promovido em Madri, pela OAB, nesta semana. O ministro disse que o STF agiu de forma ativista em relação ao 8 de Janeiro, respaldado no “dever de ação” da Constituição. A fala foi recebida com entusiasmo —talvez até com taças erguidas da nossa “combativa” OAB. O problema é que o tal “dever de ação” não existe. A Constituição não impõe esse tipo de iniciativa messiânica aos tribunais. Diferentemente disso, o Judiciário é regido pelo princípio da inércia. A Corte deve sempre aguardar ser provocada. Mas o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu agir por conta própria, se emparceirar com o Executivo e fechar o Congresso, sempre que este não lhe servir de claque, ou de bobo da corte. Sob essa visão, desde 2019, com o advento dos inquéritos das fake news, o STF vem traçando uma rota solitária: banindo perfis, bloqueando co...

O eterno retorno da mediocridade petista

Fraude no INSS junta-se a outros escândalos envolvendo governos do PT que também tentaram se desviar da responsabilidade Por Lygia Maria A trajetória do PT pelo Palácio do Planalto é uma mistura de Nietzsche com Homer Simpson . O filósofo alemão elaborou um experimento de pensamento conhecido como "eterno retorno", que se baseia na seguinte questão: E se tudo no universo, inclusive a nossa vida, se repetisse indefinidamente, sempre da mesma maneira? Já o personagem estabanado do desenho animado costuma justificar suas trapalhadas com "A culpa é minha e eu coloco em quem eu quiser". No mais recente escândalo envolvendo o partido , milhões de reais foram roubados de brasileiros por meio do INSS, que autorizou descontos em benefícios previdenciários para sindicatos e outras entidades que alegam prestar serviços aos associados. O governo e a militância petista logo transferiram a culpa pela fraude descomunal para gestões da oposição anteriores. Essa falácia, porém, é ...

Arcabouço: o breve

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A reforma do Código Civil é desastrosa

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O sentido de uma república

Por Fernando Schüler Leio que a União move uma ação contra uma produtora de vídeos. A razão é um documentário sobre o julgamento de Maria da Penha, vítima de duas tentativas de homicídio, nos anos 1980. O caso foi julgado em 1991, com a condenação de seu ex-marido. Em 2006, foi votada a lei no Congresso que leva o seu nome. A história é bastante conhecida, e não vai aqui juízo de mérito sobre os argumentos em jogo. A ação diz que o documentário traz “argumentos distorcidos” e “informações incompletas”, que seus autores não consideraram “apropriadamente” as alegações do processo judicial e que o material não atende a “critérios de veracidade”. Raras vezes li, mesmo no estranho Brasil dos últimos anos, um documento oficial que afirmasse de modo tão claro a ideia do Estado disciplinador da verdade. Não deveria me impressionar muito com essas coisas, me dizem. Há muito teria se perdido, no Brasil, a ideia simples de que a sociedade é diversa, que documentários, assim como filmes e livros, ...

O que Trump custou à América

Por Thomas Friedman Quando se tem um país do tamanho da China — 1,4 bilhão de pessoas — com o talento, a infraestrutura e a poupança que possui, a única maneira de negociar é com alavancagem do nosso lado da mesa. E a melhor maneira de conseguir essa alavancagem teria sido Trump reunir nossos aliados na União Europeia, Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Brasil, Vietnã, Canadá, México, Índia, Austrália e Indonésia em uma frente unida. Transformar a negociação em o mundo todo contra a China. Então, você diz a Pequim: 'Todos nós vamos aumentar gradualmente nossas tarifas sobre suas exportações nos próximos dois anos para pressioná-los a fazer a transição de uma economia voltada à exportação para uma mais orientada ao mercado interno. Mas também vamos convidá-los a construir fábricas e cadeias de suprimento em nossos países — empreendimentos conjuntos 50-50 — para que sua expertise seja transferida de volta para nós, da mesma forma que vocês nos forçaram a fazer por vocês. Não queremos u...

Democratas

Por Alex da Matta Esse show de pânico moral com presidenciáveis de direita subindo no palanque pela anistia mostra como boa parte do que se chama de "moderação" e "democracia" no Brasil é, na prática, uma ideologia intolerante e radical.   Há um ano, uma pesquisa do Datafolha mostrou que dois terços dos brasileiros viam o 8 de janeiro mais como vandalismo do que como tentativa de golpe.   Em dezembro, outra pesquisa do mesmo instituto apontou que um terço dos brasileiros apoiava a anistia. É coerente: a ideia de que aquilo foi um golpe não colou, mas as imagens da destruição ficaram. As pessoas ainda querem punição para os vândalos.   O caso da Débora ganhou força porque, aos poucos, muita gente percebeu que até quem não quebrou nada está pegando 14 anos de cadeia. Isso não parece razoável. E aposto que as próximas pesquisas deve mostrar crescimento no apoio à anistia.   Para quem parte dessas premissas, e são muitos, anistiar depois de dois anos de prisão parece ju...

O Mercado não é um projeto social

Por Natália Beauty Tem gente que acredita que o mundo dos negócios é uma espécie de ONG disfarçada. Que o investidor tem a obrigação de financiar seus sonhos. Que o sucesso alheio é ofensivo. Que a desigualdade é uma desculpa pronta para a explicação do fracasso próprio. Mas aqui vai uma notícia: ninguém te deve nada. O mercado não liga para sua história, sua origem ou sua dor. O mercado quer resultado. E ponto. Enquanto uns perdem tempo culpando o sistema, tem gente lá fora acordando às 5h, estudando, errando, tentando de novo, se reinventando e, claro, vencendo. Não porque nasceram ricos. Mas porque decidiram parar de reclamar e começar a agir. Gente que entende que a vida não tem botão de feedback social, tem entrega. O problema não é falta de oportunidade. É o excesso de narrativa. Todo mundo quer palco, holofote e reconhecimento, mas poucos estão querendo ralar no escuro, sem aplauso, até fazer acontecer. Vivemos uma epidemia de profissionais indignados que acreditam que b...

Simplesmente brilhante

Por Stephen Kanitz   Trump foi simplesmente brilhante   Se você criticou o “jeito” de Trump sem entender a complexa arte da negociação, pare agora e apague o que escreveu—caso contrário, só estará expondo sua ignorância.   Se você não tem um MBA ou sequer um curso básico de Negociação Estratégica, você é a última pessoa que deveria opinar sobre o assunto.   Trump, por outro lado, já negociou centenas de vezes ao longo da vida, tem formação sólida e até escreveu The Art of The Deal. Ele sabe que uma boa negociação não pode ser um jogo de soma zero, precisa ser um ganha-ganha, pois, do contrário, o acordo jamais será cumprido.   Zelensky, um comediante sem experiência real em negócios ou diplomacia, não percebeu o que estava acontecendo. Trump estava articulando um substituto para a OTAN, garantindo a segurança da Ucrânia sem amarrar os EUA em um conflito sem fim.   O acordo comercial que poderia ter sido assinado ontem mesmo foi sabotad...

Contos já publicados

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Nesta postagem, compartilho as sinopses e links de acesso aos meus contos já publicados, em ordem crescente de datas de publicação. O post ficará em destaque no blog, para facilitar o conhecimento. Deixarei de publicar os contos neste espaço, a fim de organizá-los em um meio mais coerente e harmônico. Assim, ficarão restritos ao site do Recanto das Letras, que é o nicho desse gênero literário, ou a sites de terceiros, no caso de desafios e campeonatos. Para quem não me conhece, sou autor amador do universo literário, mas, neste blog, desenvolvo atividade intelectual diversa, notadamente o compartilhamento de artigos sobre política, direito e variedades. Logo, não faria muito sentido incluir os contos no corpo do blog, que logo sumiriam em meio à miríade de assuntos. Remeto os passantes, pois, à lista a seguir, com os correspondentes links do Recanto das Letras para leitura. __________________________________ Blasé Mariana tem sua rotina repentinamente perturbada por um estranho misteri...

Nossa herança comum

Fernando Schuler, Veja - 21/02/2025 J.D. Vance fez um discurso inusitado na Conferência de Segurança europeia, em Munique. Plateia repleta de líderes do continente, grande expectativa, esperava-se que ele falasse de Putin, da guerra, mas Vance não se abalou: “O problema de vocês não são as ameaças que vêm da Rússia nem a China, mas o perigo que vem de dentro”, disse. E completou: “O recuo da Europa em seus valores mais fundamentais, que são os mesmos dos Estados Unidos”. Generosidade dele. Os valores europeus nunca foram os mesmos que os da formação americana. A inspiração que veio de Locke, Milton e do liberalismo inglês, que andava na cabeça dos fundadores da América, sempre foi um recorte muito específico da tradição europeia. O Velho Continente nunca teve nada semelhante à Primeira Emenda, garantindo a liberdade de expressão. E vem daí a raiva provocada pela fala de Vance. Na prática, ele deu um sermão na liderança europeia com base em deuses ou, ao menos, em credos não tão comun...

O circo acusatório: quando a narrativa vale mais do que as provas

Por Leonardo Corrêa* Antes de tudo, um esclarecimento. Não sou bolsonarista. Reconheço que o governo de Jair Bolsonaro teve seus erros e acertos. Se alguém quiser me acusar de partidarismo, recomendo que leia antes as críticas que fiz à lava-jato no passado. Nessa perspectiva imparcial, independentemente de quem esteja no centro das atenções, entendo que toda acusação criminal deve ser conduzida com extremo rigor, pois é nesse campo que o poder do Estado se impõe de forma mais brutal sobre os indivíduos. Não tive acesso às provas dos autos, e, portanto, analiso a peça acusatória sob os aspectos da lógica e da coerência jurídica. Pois bem. O Ministério Público Federal apresentou recentemente uma denúncia que, sob o pretexto de proteger a democracia, constrói um labirinto retórico onde qualquer questionamento ao sistema eleitoral é automaticamente transformado em prova de conspiração criminosa. Se há um mérito no documento, é demonstrar como a lógica pode ser torcida para servir a um...

Caixa de som

Por Alex da Matta S e o sujeito que coloca som alto na praia tivesse um mínimo de reflexão, pensaria: "Isso pode incomodar quem não gosta. Se eu estivesse no lugar dessas pessoas, iria querer que desligassem a caixa de som. Logo, mesmo gostando de barulho, deveria me abster disso em respeito aos outros." E então, desligaria a caixa. Mas isso exige três coisas que nem todo mundo tem: capacidade de abstração (se colocar no lugar do outro), ideia de universalidade (o que espero dos outros também deve valer para mim) e algum senso de dever (fazer o que é certo, independentemente do gosto pessoal ou das consequências). Se a pessoa é burra, não chega a essa conclusão. Se age como um animal, buscando apenas prazer e evitando dor sem qualquer consideração moral, também não. E como há muita gente burra e/ou imoral, a sociedade precisa criar leis, gastar recursos e mobilizar fiscais para punir algo que não deveria sequer existir. O pensamento tribal está entre nós desde sempre. No pass...