Revelações óbvias



Imagine-se, caro leitor, diante de um espetáculo que, se não fosse trágico, poderia ser cômico. Um homem, de toga negra e semblante severo, sentado no mais alto dos tribunais, acreditando-se o baluarte da justiça, enquanto nos bastidores, nos corredores obscuros do poder, manobra e trama como o mais vil dos conspiradores. Este é Alexandre de Moraes, um nome que, nos anais da história, talvez seja lembrado não como o defensor da democracia que ele afirma ser, mas como o homem que, sedento por poder, manipulou as leis e as instituições em benefício próprio.

Não se engane, caro leitor. Moraes não é o guardião da democracia, como ele e seus defensores gostariam que acreditássemos. Desde o princípio, sua luta não foi pela defesa dos valores democráticos, mas sim pela acumulação de poder. E como bem observou Lord Acton, "o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente". Em Moraes, encontramos o epítome dessa máxima.

As recentes revelações são mais um capítulo na triste saga do Brasil moderno, onde a toga se confunde com a coroa, e o julgamento com a tirania. As mensagens vazadas não deixam dúvidas: Moraes não é um juiz, mas um ator central em uma peça de teatro de poder, onde a lei é maleável, onde o direito é um mero acessório, e onde a justiça é uma vítima indefesa.

Se o papel de um juiz é ser imparcial, acima das paixões e das disputas mundanas, Moraes falhou miseravelmente. Ao invés disso, ele vestiu a toga e desceu ao nível dos litigantes, brigando e manobrando como um pugilista de terceira categoria. Ele ordenou relatórios, manipulou investigações e, o que é pior, fez tudo isso não em nome da lei ou da ordem, mas para satisfazer sua própria sede de poder.

E o que dizer de sua defesa? "Oficiais e regulares," ele clama. Claro, "oficiais e regulares" no mesmo sentido que qualquer déspota ao longo da história considerou seus atos de repressão. A legalidade de Moraes é tão flexível quanto sua moralidade, e tão justificável quanto o era para aqueles que antes dele se sentaram em tronos e agiram como se fossem divinos.

A grande ironia, e talvez o maior escárnio, é que tudo isso é feito em nome da democracia. Mas a verdade, nua e crua, é que Moraes nunca foi um defensor da democracia. Ele é, e sempre foi, um defensor de Alexandre de Moraes. O Estado, para ele, é um instrumento de poder pessoal, e a Constituição, um texto que pode ser moldado à vontade do dia. Se isso não for tirania, então nada mais é.

É tentador, e até reconfortante, acreditar que a história punirá Moraes por seus excessos. Mas, como bem sabemos, o poder não é facilmente rendido, e aqueles que o detêm não o fazem por interesse público, mas por ambição privada. E assim, Alexandre de Moraes continuará em sua cruzada, não em nome do povo, mas em nome de si mesmo. A democracia, essa pobre dama já tão maltratada, ficará, mais uma vez, à mercê dos poderosos que, em nome dela, cometem as piores iniquidades.

Então, para aqueles que ainda acreditam que há alguma nobreza na toga de Moraes, eu lhes digo: cuidado. Pois o homem que diz lutar pela democracia, enquanto esmaga o verdadeiro espírito democrático, é o mais perigoso de todos. E a história, se tiver alguma justiça, o verá não como um defensor da liberdade, mas como mais um tirano, corrompido pelo poder que ele tanto desejava.

Texto de autoria anônima.

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