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Mostrando postagens de janeiro, 2022

Seitas

Defender a diversidade ou os dogmas identitários? Por Leandro Narloch Discriminação e desigualdade racial e de gênero são problemas complexos. Por "complexos", entende-se que têm causas de difícil diagnóstico e que as propostas para solucioná-los ainda estão em debate. Infelizmente não sabemos muito bem quais ações funcionam, se pioram o problema em vez de resolvê-lo, ou quais têm custo de oportunidade maior que o benefício. Tamanha dificuldade exige que a roda de conjecturas e refutações da ciência funcionem. Hipóteses das mais diversas precisam ser apresentadas, testadas e discutidas. A imprensa ajuda, se comunicar essas dúvidas e complexidade ao leitor, de modo que a sociedade consiga selecionar os melhores diagnósticos e propostas. No entanto boa parte dos acadêmicos, ativistas e jornalistas que tratam do tema se comporta como se estivessem diante de problemas simples com soluções conhecidas. Tão certos de que estão certos, não se interessam por abordagens diferentes e mu...

Resenha: Mulheres

Memórias de um vagabundo Uma obra que mostra a essência do VELHO SAFADO, um canalha que, apesar de brincar com a vida das mulheres (e de entendê-las como ninguém), tem um quê de humano: de culpa, de remorso, de vazio, de paixão, de vício, de loucura, de amor. Prosa ligeira e trivial, simplória como o seu protagonista, um tanto repetitiva. Para além do erótico, traz boas doses de humor e ensinamentos de alguém que leva a vida como ela é, longe do glamour das elites e do falso moralismo dos esnobes. À época do lançamento, deve ter sido uma bomba por conta das cenas depravadas e da linguagem chula. Hoje, deve ser intragável para a galerinha politicamente correta, que nega a vida e suas contradições... Passagens de destaque: "Não há cura para a dor, a menos que você conheça alguém capaz de entender seus sentimentos e saiba como ajudar". "As pessoas são interessantes no início. Aos poucos, porém, todos os defeitos e loucuradas botam as manguinhas de fora, é inevitável". ...

Chico Buarque

Por Denis Reis O compositor Chico Buarque decidiu se autocensurar e não cantar mais a música "Com açúcar e com afeto", atendendo a pedidos de "feministas" que a consideram "machista".   Se ele levar a sério essa orientação, metade da obra buarquiana deverá ser descartada. Toda a Ópera do Malandro - onde há coisas bem sérias como "Se eu fosse seu patrão" ou o "Tango do Covil". Quem acha "Com açúcar e com afeto" "machista", o que dirá de "Terezinha"? O último disco, "As caravanas", ainda está em tempo de ser recolhido das vendas, pois tem machismos piores onde, por exemplo, o "eu lírico" do poeta paquera uma moça lésbica e a "Tua Cantiga", um exagero buarquiano que - reconheço - chega mesmo a ser um pouco patética.   Em verdade, o que esta época "pós-moderna" condena não é o "machismo", o "racismo" ou o que quer que seja. Ela condena a vida. Falar da...

Neorracismo

Risério tem razão Por Flavio Gordon 19/01/2022 00:01 No último sábado, 15 de janeiro, meu colega antropólogo Antônio Risério publicou na Folha de S. Paulo um artigo corajoso abordando um tema tabu no debate público contemporâneo: o racismo de negros contra brancos, um fenômeno que, embora ignorado ou deliberadamente ocultado pela grande imprensa em geral, vem se intensificando na medida em que a extrema-esquerda identitária (da qual essa mesma imprensa atua como porta-voz) galga posições de poder e influência na sociedade. Partindo de vários casos ocorridos nos EUA – e, sintomaticamente, naturalizados ou suprimidos do noticiário –, Risério afirma que os episódios se sucedem, “mas a ordem unida ideológica manda fingir que nada aconteceu”. E conclui: “Engana-se, mesmo com relação ao Brasil, quem não quer ver racismo, separatismo e mesmo projeto supremacista em movimentos negros. O retorno à loucura supremacista aparece, agora, com discurso de esquerda... O neorracismo identitário é exceç...

Conflito geracional

A geração ingrata e a demonização do passado Por Victor Davis Hanson The Daily Signal 19/01/2022 14:46 Os últimos dois anos testemunharam um aumento sem precedentes na antiga guerra contra o passado norte-americano. Mas há várias falhas de lógica no ataque às gerações passadas. Os críticos pressupõem que sua geração é moralmente superior às gerações passadas. Assim, eles usam seus padrões para condenar os mortos que supostamente não chegam a seus pés. Além disso, os críticos do século XXI raramente reconhecem que sua riqueza e tempo ocioso se devem sobretudo às gerações passadas, cujo trabalho duro ajudou a criar o ambiente de conforto atual. E o que será que os críticos do futuro dirão da geração atual que vivenciou mais de 60 milhões de abortos desde a sentença do caso Roe vs. Wade [que legalizou o aborto nos EUA], mesmo depois de avanços na tecnologia que permite a viabilidade fetal fora do útero? O que nossos netos dirão de nós, que emitimos mais de US$30 trilhões em dívidas – boa ...