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Mostrando postagens de agosto, 2024

Muskfobia

Por Fernando Schüler “Pratica atos satânicos”, diz Nicolás Maduro sobre Elon Musk, que entre outras coisas teria “hackeado o sistema eleitoral venezuelano”. O.k., não dá para levar o Maduro a sério. É apenas um exemplo pitoresco do haterismo global em torno de Musk. De um jornalista, leio que o dono do X, o antigo Twitter, “é o grande perigo para a democracia no planeta”. Assim, no seco. A razão principal seria que ele espalha “inverdades”, em sua conta, na rede. Além de ser dono da própria rede. Não entendi bem o que teria uma coisa a ver com a outra. Em algum momento, o sujeito diz que o problema seria manter uma “plataforma não mediada”. O risco à democracia viria do próprio excesso de liberdade. Sinal dos tempos. A lógica foi repetida por Edward Luce, do Financial Times. “As democracias não podem mais ignorar”, diz Luce, a “ameaça” de Musk. Suas reclamações incluem um vídeo satírico de Kamala Harris usando IA e muitos amigos de “direita”. E essa maldita Primeira Emenda, que permite...

Do que adianta?

Alguns tentam justificar o injustificável. Outros ainda tentam lutar. Do que adianta? As pessoas teimam em entender o Brasil atual pelo pensamento pequeno-burguês, em que a lei a ordem ainda são valores consideráveis. Não percebem que isso já foi surrupiado dessas bandas há muito tempo.  Não há mais estado de direito, democracia, livre-mercado, livre-iniciativa. Isso nunca existiu de fato neste país, que sequer se conseguiu se inserir na onda liberal do Século XVIII. Isso aqui sempre foi um arremedo de modernidade. Mas, agora, a ilusão de que tais ideais poderiam ser buscados não existe mais. O que há é puro suco do socialismo ditatorial, não apenas sob o aspecto institucional, mas também socialmente arraigado.  A situação que vivemos atualmente não veio da noite para o dia. Foi resultado de lenta transformação social e cultural, incutindo nas pessoas a mentalidade socialista. Ninguém mais se importa com direitos e garantias de índole liberal. O que importa agora é o planejame...

Careca

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  Careca de saber Que você não quer mais me ver Chispa daqui Vai ver se estou ali Não me importo, vou embora Pego minhas coisas agora Estou de saída, sim Perfeitamente assim Você me desmerece Vê se me esquece O que posso fazer Se não quer entender Sou melhor sozinho Sem bancar o bonzinho

O Códice da Perdição

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  O CÓDICE DA PERDIÇÃO Parte 1 – Ecos de um Futuro Perdido ...98% ...99% ...100% download  concluído Dr. Victor Moreau observou resignado o fim do  download . Era a sua última atividade na GenTech Industries, empresa que o empregara por cerca de doze anos. Recolheu seus pertences, removeu o  data center  portátil da unidade. Deu de ombros: não tinha remorso, fez o que podia. Foi conduzido por dois seguranças para fora da imensa planta industrial. Atrás de si, o portão metálico se fechava em um estrondo, enquanto à frente jazia a cidade cinza e o céu plúmbeo. Estava escuro, mas não sabia dizer se era dia ou noite: o vapor fechado que emanava da urbe obscurecia qualquer luz. Victor, em passos rápidos, conduziu-se para a estação de metrô mais próxima, onde tomaria o primeiro trem disponível para o bairro Heaven-08. Era o local designado, pelo governo, para que ele vivesse. Antes, mordomias eram pagas pela GenTech. Agora, dependia de auxílios: naquele tempo, todos e...

Para a frustração de Moraes e sua turma, a Interpol é séria e entende de democracia

Por J. R. Guzzo Não é novidade para ninguém a baixa qualidade dos serviços que o sistema de justiça do Brasil presta à população, a começar pela conduta dos magistrados. É um museu de horrores que não para de ampliar o seu acervo. O noticiário registra regularmente, por exemplo, os casos de juízes que ganham 100.000 reais por mês, ou muito mais, por conta de vigarices legais que são introduzidas na legislação sobre sua remuneração. Existe a situação patética dos benefícios da magistratura – os “penduricalhos” que premiam funcionários com o pagamento de verbas de moradia, mesmo quando eles já têm moradia, salário-extra para quem alega “trabalhar muito”, diárias, “quinquênios”, aumentos automáticos, licenças prêmio. Há a impunidade legalizada, pela qual se pune atos de delinquência cometidos por magistrados com sua aposentadoria plenamente remunerada. Sabe-se, agora, que há juízes da mais alta corte judiciária do país que utilizam a linguagem do mundo do crime em seus contatos no horário...

Golpe de estado judicial

Por Hugo Freitas Golpe de Estado é um ato realizado por algum órgão do próprio Estado, geralmente de surpresa e de forma violenta, para reforçar o próprio poder, em violação das regras constitucionais. A descrição é do filósofo italiano Norberto Bobbio, que não acreditava na possibilidade de um golpe que não usasse, ao menos, ameaça implícita de violência, dada pelo controle de grupos militares por parte dos executores. No entanto, essa visão é desafiada pelo jurista e cientista político americano Alec Stone Sweet. Criador do termo juridical coup d’État – que, em inglês, pode significar “golpe de Estado jurídico” ou “golpe de Estado judicial” –, ele argumenta pela tese de que um golpe possa ocorrer pacificamente, feito por um tribunal. Para chegar a essa conclusão, Sweet se apoia na teoria positivista do direito. Na visão de juristas dessa corrente, qualquer comando só é válido quando emana de alguém com autoridade para proferi-lo; por exemplo, um presidente ou um juiz. Essa autoridad...

Revelações óbvias

Imagine-se, caro leitor, diante de um espetáculo que, se não fosse trágico, poderia ser cômico. Um homem, de toga negra e semblante severo, sentado no mais alto dos tribunais, acreditando-se o baluarte da justiça, enquanto nos bastidores, nos corredores obscuros do poder, manobra e trama como o mais vil dos conspiradores. Este é Alexandre de Moraes, um nome que, nos anais da história, talvez seja lembrado não como o defensor da democracia que ele afirma ser, mas como o homem que, sedento por poder, manipulou as leis e as instituições em benefício próprio. Não se engane, caro leitor. Moraes não é o guardião da democracia, como ele e seus defensores gostariam que acreditássemos. Desde o princípio, sua luta não foi pela defesa dos valores democráticos, mas sim pela acumulação de poder. E como bem observou Lord Acton, "o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente". Em Moraes, encontramos o epítome dessa máxima. As recentes revelações são mais um capítulo n...

De joelhos diante do "Wokismo"

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Democracia normal e patológica – II

Olavo de Carvalho Diário do Comércio, 10 de outubro de 2011 Não é preciso dizer que situações especiais podem induzir quaisquer das duas facções maiores a inverter sua política habitual, em vista das conveniências e oportunidades. O governo petista adotando controles monetários ortodoxos para escapar a uma crise econômica, a administração Bush criando um sistema de vigilância interna quase socialista depois do 11 de setembro, são exemplos notórios. Fatos como esses bastam para demonstrar que a democracia saudável é a administração bem sucedida de um conflito insolúvel, destinado a perpetuar-se entre crises e não a produzir a vitória definitiva de uma das facções. Desde o início, a democracia tem encontrado no equilíbrio instável a regra máxima do seu bom funcionamento. Basta compreender essas noções para perceber, de imediato, que a democracia brasileira é um doente em estado quase terminal. O jogo normal de esquerda e direita, que permite a continuidade do processo democrático e manté...

Democracia normal e patológica – I

Olavo de Carvalho Diário do Comércio, 5 de outubro de 2011 A patologia depende da fisiologia. Não é possível saber se um órgão está doente quando não se tem idéia de como ele deveria funcionar normalmente. O mesmo princípio vigora na análise política. Não se pode falar de uma doença política da democracia quando não se tem uma idéia clara do que é uma democracia normal. Felizmente para o estudioso, as democracias normais não somente existem, mas são mesmo as nações mais visíveis e influentes do mundo. Malgrado as forças patológicas que permanentemente as assaltam desde dentro e desde fora, e malgrado a inabilidade com que por vezes se defendem, essas democracias ainda exibem uma vitalidade invejável. A Inglaterra e os EUA são as mais antigas. Alguns países escandinavos consolidaram-se como democracias normais desde a segunda metade do século XIX. A Alemanha, a Itália e a França, após várias tentativas falhadas, só conseguiram se estabilizar nessa condição após o término da II Guerra Mu...

O colapso do sistema

Por J. R. Guzzo Karina dos Reis, uma dona de casa de Araxá, de 44 anos, tem um câncer. Os médicos atestam que ela vive em estado de metástase hepática e precisa, o mais depressa possível, fazer exames de tomografia do tórax e ressonância magnética do abdômen para ter chances de vencer a doença. Mas, além do câncer, Karina tem o ministro Alexandre de Moraes na sua vida. Ela é considerada pelo ministro como uma inimiga do “estado democrático de direito” e está obrigada por ele a usar uma tornozeleira eletrônica – que teria de ser retirada para que os exames possam ser feitos dentro das condições requeridas pela medicina. A defesa, com o aval dos médicos, pediu a remoção temporária do aparelho, só pelos instantes que durassem a tomo e a ressonância. Alexandre de Moraes negou. Karina continua com o seu câncer e com a tornozeleira do STF. Isso é tortura, um crime previsto em lei e que não poderia ser cometido pelo mais alto tribunal de justiça do Brasil. É claro que se pode passar o resto d...

Etnia, gênero e orientação sexual pesam mais que argumentos

Por Eduardo Affonso Existe a lógica matemática (se A > B e B > C, logo A > C) e existe a da brincadeira infantil em que a pedra amassa a tesoura, que corta o papel, que embrulha a pedra. Nesta, cada elemento é forte e fraco, maior e menor, vencedor e derrotado, a depender da circunstância. Quem inventou esse jogo devia estar querendo ensinar às crianças que tudo é relativo e — mais que isso — que o mundo dos adultos não é para principiantes. Com a distorção (intencional) do conceito de “lugar de fala”, critérios como etnia (equivocadamente chamada de “raça”), gênero (outrora conhecido como “sexo”) e orientação sexual passaram a ter mais relevância que os argumentos. Mas ninguém ainda definiu a hierarquia, o peso de cada um desses fatores. Numa discussão entre uma mulher branca e um homem preto, quem tem razão? A cor da pele prevalece sobre o gênero, assim como a tesoura sobre o papel? E entre uma mulher cis e um homem trans? A identidade de gênero será agora a pedra que esmaga...