Imposto sobre a inveja



Por Gustavo Maultasch





Tribute-se a inveja, e não a herança; inclusive, porque se arrecadaria muito mais. A base tributária é bem maior: vermelhos de inveja, há um bando numeroso que está mais preocupado em cobiçar a posse do próximo que em auditar o próprio fracasso para ambicionar algo melhor para a sua família.

Imposto sobre a herança é uma das políticas públicas mais vis, torpes e repugnantes que existem. É um dos tributos mais sujos e imorais jamais inventados.

Poucas coisas na vida são mais bonitas, virtuosas e sublimes do que trabalhar e privar-se do próprio consumo para, no futuro, poder deixar algo para os filhos. Não; eu quero muito, mas não posso comprar isso porque quero deixar esse bocado a mais para o meu filho. É o bem-estar futuro da sua família sacralizado no sacrifício do tempo presente.

Essa atitude deveria ser aplaudida e reverenciada pela sociedade. Deveria haver um prêmio tipo Nobel para quem deixou a maior herança todo ano.

O sujeito privou-se para deixar a riqueza para os filhos, e não para que um bando de ressentidos - disfarçando o ressentimento com a bandeira socialista da Justiça Social - venha tomar-lhe o dinheiro chorando que "ah, mas o filho de fulaninho tem mais que eu".

O que te afeta se um herdeiro tem mais que você? Qual o problema? Você não se aguenta em si, não se satisfaz consigo mesmo, não logra regular a auto-estima, porque alguém tem mais que você?

Você é a rainha da branca de neve, que não aguenta a existência de alguém a sua frente? Você é frágil assim? É esse o nível de imaturidade, de niilismo, de vontade de destruir aquilo que é bom mas que você não possui, ou melhor, precisamente porque você não possui?

Não tem ensinaram a cuidar da tua vida e a não invejar as posses dos outros? Se você sente desgosto pelo bem alheio, sua alma está doente de narcisismo e inveja. Salieri é o vilão, Mozart é que é o herói. Ou além da herança, você tem problema com o talento também?

Caim mata Abel, a rainha envenena a maçã, e o progressista taxa a herança. Do pecado capital ao pecado anticapital, o sentimento é o mesmo.

Tributar a herança é formalizar a inveja em documento legal, é disfarçar o rancor de planejamento tributário, é transliterar o ressentimento em política pública.

Acho que tudo isso é muito óbvio; fora dos soviets das universidades e dos leblons, esse é o senso comum: todos aspiram a ter uma vida melhor e a poder deixar, desimpedidos, aquilo que acumularam para os filhos. Mas daí vem a fanatização marxista e tenta justificar ideologicamente aquilo que nada mais é do que uma doença da alma.

Se querem tributar alguma coisa, que tributem a mesquinharia; ressentiu-se da herança do próximo? Pague 10% sobre o valor cobiçado. Propôs imposto sobre herança? Mais 10%. Se você também teve um bem cobiçado pode abater da base de cálculo. Resolve-se o déficit em algumas horas.

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