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Mostrando postagens de fevereiro, 2025

Contos já publicados

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Lista detalhada de meus contos já publicados no site Recanto das Letras Blasé Mariana tem sua rotina repentinamente perturbada por um estranho misterioso. Ele fica a observá-la distante, sem ser revelar. O quer com isso? Um conto de suspense, baseado nas crônicas de Nelson Rodrigues, que é uma verdadeira crítica ao feminismo histérico. Leia ! ___________________________________________________ Incidente no hotel Um voyeur descobre uma trama sórdida que pode transformar a sua insignificante existência. Conto neo-noir, tragicômico, que tem como protagonista o perfeito anti-herói. Foi publicado na antologia "Larápios" da Editora Carnage! Leia ! ___________________________________________________ Encontro com Negroni A mão pesada da vida se abate sobre Daniel, um perfeito adolescente tardio. Conto neo-noir, tragicômico, sobre o vazio da vida moderna. Leia ! ___________________________________________________ Vocação Um sujeito perdido na vida é subitamente arrebatado por uma expe...

Nossa herança comum

Fernando Schuler, Veja - 21/02/2025 J.D. Vance fez um discurso inusitado na Conferência de Segurança europeia, em Munique. Plateia repleta de líderes do continente, grande expectativa, esperava-se que ele falasse de Putin, da guerra, mas Vance não se abalou: “O problema de vocês não são as ameaças que vêm da Rússia nem a China, mas o perigo que vem de dentro”, disse. E completou: “O recuo da Europa em seus valores mais fundamentais, que são os mesmos dos Estados Unidos”. Generosidade dele. Os valores europeus nunca foram os mesmos que os da formação americana. A inspiração que veio de Locke, Milton e do liberalismo inglês, que andava na cabeça dos fundadores da América, sempre foi um recorte muito específico da tradição europeia. O Velho Continente nunca teve nada semelhante à Primeira Emenda, garantindo a liberdade de expressão. E vem daí a raiva provocada pela fala de Vance. Na prática, ele deu um sermão na liderança europeia com base em deuses ou, ao menos, em credos não tão comun...

O circo acusatório: quando a narrativa vale mais do que as provas

Por Leonardo Corrêa* Antes de tudo, um esclarecimento. Não sou bolsonarista. Reconheço que o governo de Jair Bolsonaro teve seus erros e acertos. Se alguém quiser me acusar de partidarismo, recomendo que leia antes as críticas que fiz à lava-jato no passado. Nessa perspectiva imparcial, independentemente de quem esteja no centro das atenções, entendo que toda acusação criminal deve ser conduzida com extremo rigor, pois é nesse campo que o poder do Estado se impõe de forma mais brutal sobre os indivíduos. Não tive acesso às provas dos autos, e, portanto, analiso a peça acusatória sob os aspectos da lógica e da coerência jurídica. Pois bem. O Ministério Público Federal apresentou recentemente uma denúncia que, sob o pretexto de proteger a democracia, constrói um labirinto retórico onde qualquer questionamento ao sistema eleitoral é automaticamente transformado em prova de conspiração criminosa. Se há um mérito no documento, é demonstrar como a lógica pode ser torcida para servir a um...

Caixa de som

Por Alex da Matta S e o sujeito que coloca som alto na praia tivesse um mínimo de reflexão, pensaria: "Isso pode incomodar quem não gosta. Se eu estivesse no lugar dessas pessoas, iria querer que desligassem a caixa de som. Logo, mesmo gostando de barulho, deveria me abster disso em respeito aos outros." E então, desligaria a caixa. Mas isso exige três coisas que nem todo mundo tem: capacidade de abstração (se colocar no lugar do outro), ideia de universalidade (o que espero dos outros também deve valer para mim) e algum senso de dever (fazer o que é certo, independentemente do gosto pessoal ou das consequências). Se a pessoa é burra, não chega a essa conclusão. Se age como um animal, buscando apenas prazer e evitando dor sem qualquer consideração moral, também não. E como há muita gente burra e/ou imoral, a sociedade precisa criar leis, gastar recursos e mobilizar fiscais para punir algo que não deveria sequer existir. O pensamento tribal está entre nós desde sempre. No pass...

Árvore genealógica não é argumento no debate público

Importa o que indivíduos fazem, não o que seus antepassados fizeram; lógica identitária, obcecada por biologia, é divisiva Por Lygia Maria Um discurso racial perigoso emergiu na última semana. A psicanalista Maria Rita Kehl fez críticas ao identitarismo e, como resposta, foi linchada nas redes sociais a partir do argumento de que, além de branca, seu avô, Renato Kehl, era eugenista. Já Walter Salles foi alvo de um artigo de jornal cuja autora observa "cada traço fenotípico" do rosto do cineasta para concluir que, nele, enxerga "a descendência dos que torturaram, estupraram, açoitaram, mantiveram em cárcere meus ascendentes". Discurso racial, mas poderia ser racista, ao menos segundo a Convenção Interamericana contra o Racismo: "Racismo consiste em qualquer teoria, doutrina, ideologia ou conjunto de ideias que enunciam um vínculo causal entre as características fenotípicas ou genotípicas de indivíduos ou grupos e seus traços intelectuais, culturais e de pe...

Os Poderes perdidos no espaço

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No labirinto da tirania

Por Francisco Razzo Franz Kafka morreu sem imaginar que seu nome se tornaria um adjetivo. Hoje, no direito, tudo o que é confuso, burocrático ou absurdo ganha seu epíteto. Entre suas obras, O Processo é aquela que melhor representa o espírito de nossa época com inquietante precisão. Josef K., o protagonista, é acusado de um crime indefinido por um tribunal opaco, cuja lógica escapa à razão. Sua condenação é inevitável, não pela culpa, mas pela própria natureza labiríntica do sistema. Nosso ordenamento jurídico, em muitos aspectos, parece escrito por Kafka. Decisões brotam de critérios movediços, distantes do princípio fundamental da isonomia. Regras elásticas, definições ambíguas e justiça subjetiva substituíram a promessa de igualdade perante a lei. Quando se busca coerência, depara-se com o absurdo; quando se exige neutralidade, surge o arbítrio disfarçado de narrativa da reparação histórica. Um exemplo recente: o Superior Tribunal de Justiça brasileiro decidiu que injúria racial c...